LogoCitolab
×


Nosso Blog

BIÓPSIAS DE PELE - ORIENTAÇÕES - Seleção das lesões, manipulação adequada das amostras.

19/02/2020 BIÓPSIAS DE PELE - ORIENTAÇÕES - Seleção das lesões, manipulação adequada das amostras.

BIÓPSIA DE PELE

Por: Dra. Juliana Elizabeth Jung, PhD - CRM 19955 - Médica Dermatopatologista do Citolab Laboratório, autora do livro "Roteiro Ilustrado de Dermatopatologia" - Editora DiLivros

Para que o patologista possa analisar adequadamente as amostras provenientes de biópsias de pele é fundamental que o médico saiba selecionar as lesões, colher e enviar o material de maneira adequada para o laboratório de anatomia patológica.

1- A requisição do exame também deve ser preenchida com informações do paciente, história clínica, local da biópsia, hipótese diagnóstica principal e pelo menos um diagnóstico diferencial.  Somente desta maneira a leitura da lâmina poderá fornecer/retornar informações satisfatórias para o diagnóstico e condução do caso.

2- Biópsias de locais diferentes devem ser colocadas em frascos separados, devidamente identificados. Nunca colocar biópsias de locais diferentes em um só frasco.  

3- Os instrumentos utilizados em biópsias de pele devem estar bem afiados para que danos decorrentes de esmagamento não prejudiquem a análise. Evitar também pinçamento da amostra. O material coletado deve ser imediatamente colocado em frasco com formol a 10%, de preferência tamponado.  O volume ideal de formol para uma boa fixação é de 10 a 20 vezes o do espécime. O tempo de fixação é de 1 a 2 horas para cada milímetro de espessura pele.

4- Para biópsias que serão encaminhadas para imunofluorescência a melhor maneira de transporte é no meio de Michel. O tempo de transporte não deve ultrapassar 72h. Para colorações especiais e imunoistoquímica utiliza-se o mesmo material parafinado que foi processado na rotina.

5- Regra geral: deve-se biopsiar lesões bem desenvolvidas (“maduras”) e sempre que possível evitar biopsiar lesões em fases muito inicias (“imaturas”), com tratamento prévio, com crosta, cicatrizes e hipercromia residuais. Em lesões muito pruriginosas, os achados histológicos podem demonstrar apenas alterações secundárias como crostas, escoriação, ulceração e infecção secundária, dificultando o diagnóstico da doença de base.

6- Exceção à regra: nas doenças vésico - bolhosas as lesões devem ser excisadas quando são iniciais (menos de 48h), na fase eritematosa, pápulo-edematosa ou formando pequenas bolhas recentes. Bolhas antigas com processos reparativos e infecção secundária devem ser evitadas. Se apenas lesões bolhosas grandes ou ulceradas estiverem presentes, elementos para conclusão diagnóstica na pele perilesional  podem ser encontrados, junto com a borda da bolha.  Para imunofluorescência em lesões bolhosas,  a biópsia deve ser realizada na pele normal adjacente.

Em lesões máculo-papulares é preferível biopsiar as pápulas, pois a mácula pode conter apenas achados precoces que podem não ser suficientes para diagnóstico.

Quando as lesões comprometem várias regiões dos membros inferiores, as alterações decorrentes de estase podem mascarar a lesão primária, portanto é melhor biopsiar as lesões que se localizem acima do joelho.

7- Alguns casos especiais;

Em lesões que frequentemente deixam dúvidas quanto à natureza do processo (neoplásico x inflamatório) como micose fungóide, melhor realizar pelo menos três biópsias em diferentes estágios de evolução.

No lúpus eritematoso os achados característicos são mais facilmente encontrados nas lesões antigas com 2 a 3 meses de evolução.

Em alopecias deve-se realizar a biópsia na área de eritema com pelos visíveis. O subcutâneo deve ser incluído para avaliar os folículos desta região. Evitar áreas totalmente cicatriciais que normalmente não fornecem informações sobre a doença de base.

Nos casos de psoríase ou eczemas evitar retirar fragmentos dos cotovelos e joelhos.

Em paniculites, os septos, lóbulos e vasos do panículo precisam ser avaliados para o diagnóstico diferencial entre os diversos tipos de paniculite e a  hipoderme deve ser obrigatoriamente incluída na biópsia para avaliação.  

Em hanseníase a biópsia também deve incluir hipoderme, para que os filetes nervosos possam ser bem avaliados.

Em vitiligo e casos de anetoderma e atrofoderma, o ideal é realizar duas biópsias, uma da lesão e outra da pele sadia, para que possa ser feita uma comparação entre elas.

As lesões melanocíticas pequenas devem ser excisadas com margem econômica. A excisão permite a análise histopatológica completa da arquitetura, simetria e circunscrição, que são essenciais no diagnóstico dessas lesões.

Nos melanomas cutâneos dados como espessura da lesão (índices de Breslow e Clark) só podem ser considerados como efetivamente representativos quando a lesão for totalmente excisada, caso contrário devem ser encarados como provisórios.

Biópsias incisionais podem ser feitas quando lesões maiores, coletando amostras de áreas mais escuras.

O médico escolhe a melhor técnica de biópsia para cada situação e o conhecimento da histologia é essencial para auxiliá-lo em sua decisão.  Os métodos mais utilizados são: punch, bisturi ou tesoura, shaving e curetagem. 


A biópsia por punch geralmente fornece amostras adequadas para avaliação.  Ele é um instrumento circular cujo diâmetro varia de 1 mm a 1 cm e a técnica consiste em movimentos de rotação e pressão vertical para que o instrumento atinja a profundidade desejada.


 

Punch

 

O bisturi é mais utilizado para excisão das lesões e permite também obtenção de amostras com as camadas mais profundas da pele. É o melhor método para retirada de lesões pigmentadas e biópsias de lesões bolhosas, circinadas, hanseníase e paniculite.

 

    

Amostras obtidas com o bisturi

 O shaving é utilizado para afecções restritas à epiderme e derme superficial.

 

   

Shaving

 

e a curetagem é um instrumento de terapêutica e não propriamente de biópsia,  pois a fragmentação  do material  pode alterar a arquitetura da lesão.

TEXTO BASEADO NO LIVRO "ROTEIRO ILUSTRADO DE DERMATOPATOLOGIA"
Autores: Juliana Elizabeth Jung / Samuel Régis Araújo
Editora: DiLivros

 

 

 


Galeria de fotos

BIÓPSIAS DE PELE - ORIENTAÇÕES - Seleção das lesões, manipulação adequada das amostras.
BIÓPSIAS DE PELE - ORIENTAÇÕES - Seleção das lesões, manipulação adequada das amostras.
BIÓPSIAS DE PELE - ORIENTAÇÕES - Seleção das lesões, manipulação adequada das amostras.
BIÓPSIAS DE PELE - ORIENTAÇÕES - Seleção das lesões, manipulação adequada das amostras.
BIÓPSIAS DE PELE - ORIENTAÇÕES - Seleção das lesões, manipulação adequada das amostras.
Comentar


Outras notícias
Lesão vulvar em gestante de 29 anos

B.D.S., feminino, 29 anos, apresenta múltiplas lesões em placa, esbranquiçadas em vulva, 0,5 cm, indolores, realizada biópsia.

Leia +
Tumor do estroma mamário em paciente de 62 anos.

Este tipo de tumor representa apenas 1% dos tumores da mama.

Acomete mulheres com idade média de 45 anos e é raro em crianças ou homens.

Leia +
Adenocarcinoma de cérvix relacionado ao HPV (tipo usual)

Abordagem da classificação tumoral baseada no padrão de invasão estromal (Sistema Silva).
Desafiador 30% - 50% de falsos negativos na citologia.

 

Leia +
whatsapp Citolab
Consulte seu resultado